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Ser mulher não é tão simples como pode parecer…

    Por Ana Silvia Sartori Barraviera Seabra Ferreira (UNESP)

    Por onde começar meu relato? Talvez descrevendo o que é, em pleno século XXI, ser “mulher, doutora, profissional de área técnica, mãe de menina e ter mais de 40 anos”. Ser mulher não é tão simples como pode parecer… 

    Mulher “não pode” usar saia curta.

    Mulher “não pode” usar decote.

    Mulher “não pode”reclamar se levar uma cantada.

    Não, não pode. 

    Um certo dia recebi uma cantada que me incomodou. Ao reclamar de tal incômodo, ouvi: “Você deve tê-lo provocado!”  E, pasmem, isso foi dito por duas mulheres…

    Quando caímos no meio profissional, muitas vezes somos taxadas de “emotivas”. Já ouvi frases do tipo: “Não vá chorar, hein!” OI? Por que eu choraria? Será que somos realmente o “sexo frágil”? Não conseguimos liderar, tomar decisões e sermos racionais? Ah… possivelmente não, isso é coisa de homem, só pode ser…

    Mulher, quando casa, deve ser “forno e fogão”. “Nossa, como você cozinha bem, já pode casar!”

    Mulher, quando casa, deve conseguir conciliar vida social, profissional e matrimonial. 

    Mulher “não pode” ter depressão. “Nossa! Que frescura!”

    Mulher “não deve” viajar a trabalho. “O que o seu marido vai pensar?” 

    Mulher “não pode”se cansar. “Está cansada de quê?”

    Mulher “não pode” engravidar. “Xi… Vai perder o emprego…”

    Mulher “não pode” ser mãe de menina! “Cuidado com meu filho macho!” 

    Ahn? Como assim???

    E quando você resolve seguir vida acadêmica sendo da área técnica? São tantos “você não pode isso”, “você não pode aquilo”, que desisti de perguntar “se podia”. Essa é uma excelente estratégia que às vezes te leva bem longe, afinal, o “não” com certeza você já tem…

    Aí você passa dos 40 e a saga continua: 

    “Ah, cuidado. Seu marido vai te trocar por 2 mulheres de 20 anos!”

    “Os homens são como vinho, quanto mais velhos, melhores. Já, as mulheres…” 

    “Empoderar as mulheres, para quê? O que mais vocês querem?”

    E em meio a tantos “senões”, conheci um grupo maravilhoso… O Núcleo Mulher Unesp! E fui surpreendida com um pedido fascinante! Construir um aplicativo só para mulheres, com todas as informações que temos OBRIGAÇÃO de saber decor e salteado, afinal, quem lutará por nós neste mundo polarizado se não nós mesmas? 

    Ficaram curiosas? O aplicativo já está disponível nas lojas Android e IOS! E qual seria seu nome se não “Unesp Mulheres”?

    A autora

    Ana Silvia é Comunicadora Social com habilitação em Publicidade e Propaganda, Mestre em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP, Doutora em Biologia Geral e Aplicada pelo IBB de Botucatu e Pós-doutora em Pesquisa Clínica pela FMB-UNESP. É docente da Pós-Graduação em Pesquisa Clínica (Mestrado Profissional) e Pesquisa e Desenvolvimento – Biotecnologia Médica (Mestrado e Doutorado Profissionais). É Assistente de Suporte Acadêmico III da Faculdade de Medicina de Botucatu, coordena o Núcleo de Educação a Distância e Tecnologias da Informação em Saúde – NEAD.TIS-FMB 

    e coordena o projeto de extensão universitária E-care Sentinela: Rede Virtual Multiprofissional de Apoio a Saúde.