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Vozes do GT

    O texto foi escrito por autoras integrantes do Grupo de Trabalho de Equidade de Gênero, da Universidade Estadual Paulista ‘Júlio de Mesquita Filho’ (UNESP), campus de Franca. São elas:

    • Bianca da Silva Fernandes Bastos, bacharel e mestranda em Direito;
    • Bianca Garbeloto Tafarelo, graduanda do 4º ano de Direito;
    • Giovanna Martins Ferreira, graduanda do 5º ano de Direito;
    • Giovanna Marques Guimarães, graduanda do 4º ano de Direito;
    • Maria Gabriela Bonfim Alcantara, graduanda do 5º ano de Direito.

    Ser mulher: uma expressão visualmente pequena, mas que carrega consigo um significado gigantesco, com pluralidade de conceitos que ultrapassam os padrões heteronormativos e aparências físicas ou fisiológicas, e proporcionam uma infinidade de vivências tão singulares, mas que ao mesmo tempo possibilitam a empatia e identificação de histórias, seja pela similitude ou pela sororidade, alcançando diferentes impactos quando há a cumulação do gênero com outras interseccionalidades.

    Traduzir em palavras aquilo que é vivenciado por uma coletividade, porém, sentido no âmbito íntimo de cada uma, torna-se uma tarefa um tanto quanto desafiadora. Por isso, é pensando nessa diversidade de experiências que esse texto ganha vozes variadas, para ouvir e ser ouvida, a partir de relatos que convergem em um espaço comum de partilhas, acolhimento e crescimento, representado pelo Grupo de Trabalho Equidade de Gênero, onde é possível aprender, (se) conhecer, se identificar e batalhar para que lutas do feminismo sejam materializadas.

    O GT é um lugar de convergência, onde mulheres de diversos setores compõem e se conectam objetivando criar oportunidades e ocupar outros espaços que permitam alterar a estrutura institucional da faculdade tão marcada pela desigualdade de gênero. Como chamamos, o ‘nosso GT’ permite a nós, integrantes, nos conectar e nos (auto)conhecer. Foi nesse espaço que encontrei esperança e apoio, pois mulheres de diferentes setores e idades pensam, trabalham e constroem ações visando conquistas para esta e as próximas gerações de discentes, docentes e servidoras. E mais do que isso, fazemos histórias e compartilhamos histórias, sentimentos e anseios. O ‘nosso GT’ é o lugar onde conheço e me inspiro nas mulheres incríveis e fortes que compõem.

    Não consigo dimensionar em palavras a importância de ter o GT, no qual posso falar sobre dores que o mundo me causou e nem se quer quis me ouvir, no qual concretizo o que antes eram meras especulações e no qual aprendo e compartilho. Eu achava que podia simples e facilmente ser, isso mesmo conjugar esse verbo pequeninho com minhas vivências, mas sabemos que o ser mulher não tem nada de simples e fácil. Então, já que é de mim mesma, de nós mesmas a necessidade de todo dia encarar de frente e lutar, que vejo o nosso ponto de convergência o querer provocar mudanças.

    Encontrar o GT, no momento de tamanho isolamento e solidão que atravessamos há alguns anos, me possibilitou sensações de acolhimento que nunca antes havia sentido. O espaço que construímos enquanto GT se tornou local de abrigo e refúgio de sentimentos que há muito guardei para mim. Aqui, me sinto ouvida e compreendida, circunstância que possibilitou meu crescimento nos âmbitos mais variados de minha vida. Entender que os meus medos, anseios e inseguranças, enquanto mulher, não são só meus, alivia certas dores pois sei que tenho com quem dividi-las. E, apesar das nossas vivências serem distintas, as aflições impostas a nós possuem um ponto de intersecção fundamental em sua origem: ser mulher.

    Ser mulher no mundo que vivemos não é algo fácil. Sair de onde nos sentimos seguras, dar a “cara a tapa” e enfrentar diversos tipos de violência, buscando simplesmente exercer nossos direitos, muito menos. Não se sentir sozinha nesse momento faz toda a diferença, dá esperança, ânimo e força para lutar e continuar na luta. É como diz o ditado popular, “crescer dói, mas de mãos dadas é mais fácil”. Assim, o GT de Gênero vai muito além de um simples grupo de trabalho acadêmico, ele é um espaço de escuta, de fala, de autoconhecimento e de compartilhamento, caracterizado pela pluralidade de mulheres com um objetivo em comum: a equidade.

    O autor

    Grupo de Trabalho de Equidade de Gênero, da Universidade Estadual Paulista ‘Júlio de Mesquita Filho’ (UNESP), campus de Franca.